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Paris reduz emissão em dez anos

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Mesmo assim a cidade irá precisar multiplicar seus esforços

04 de novembro de 2016 - A cidade de Paris já tem um nome engraçado para os beneficiários de sua nova iniciativa: "les Parisculteurs" (plantadores de Paris, em tradução livre), mas ainda não há nada a colher. A Câmara Municipal prometeu aos parisienses cerca de 30 hectares para plantio até 2020, como parte de seu novo plano para cultivar plantas e vegetais em cem hectares de espaço de telhados e fachadas, um terço dos quais serão designados para a produção de alimentos.

Atualmente na moda, a agricultura urbana poupa horas, e até dias, de tempo de transporte dos alimentos, e reduz as emissões de gases de efeito-estufa, pois as plantas nos telhados absorvem os raios de sol no verão, reduzindo a necessidade de ar-condicionado.

Aos poucos a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, está tentando deixar a cidade mais verde. Ela segue os passos de seu antecessor, Bertrand Delanoë, mas com uma abordagem mais ousada. Em setembro, ela aumentou as restrições de trânsito na cidade, fechando a rodovia urbana que passava às margens do Rio Sena. Embora os que utilizavam a via não estejam satisfeito, demais parisienses e turistas estão encantados por poderem retomar a margem direita do rio para caminhadas e lazer.

Paris está lentamente seguindo o exemplo de cidades do Norte da Europa. Mesmo a oposição de direita, antes contrária a tais políticas, agora reconhece a necessidade de reduzir a prevalência do diesel na cidade. E as empresas, pragmáticas como sempre, estão lentamente aceitando as restrições de veículos. As entregas feitas por caminhões elétricos estão aumentando e a RATP, operadora de transporte estatal, introduz aos poucos ônibus alimentados por eletricidade ou gás natural.

Gradualmente os resultados vão aparecendo. Entre 2004 e 2014, houve uma redução calculada de 9,2% nas emissões de gases-estufa, equivalente a 25,6 milhões de toneladas, segundo o registro de emissões de carbono da cidade publicado em julho. O estudo tem um amplo escopo, chegando a incluir as viagens aéreas dos parisienses, que compõem cerca de um quarto do total e aumentaram 3% nesses dez anos. Esse é o único ponto negativo relevante, ao lado de um aumento de 10% nas emissões ligadas a alimentos, devido a fatores demográficos.

O transporte de mercadorias é o setor que mais contribuiu para a redução geral, com uma queda de 18%, para cinco milhões de toneladas, embora isso provavelmente esteja mais relacionado aos efeitos da crise financeira do que à logística mais ecológica. A mesma explicação pode ser fornecida para a queda no impacto do consumo de matérias-primas (a crise da indústria da construção civil).

As emissões das construções caíram em 15%. A Câmara Municipal atribui esse progresso ao fato de empresas e escritórios, bem como casas, terem reduzido seu consumo. As políticas nacionais para promover a eficiência energética, combinadas à disponibilidade crescente de produtos que oferecem um melhor desempenho ambiental, continuam a ajudar a reduzir as emissões, principalmente de iluminação e eletrodomésticos.

Desde 2001, a política de redução de veículos claramente teve um efeito positivo na poluição, já que as emissões causadas por transportes de passageiros terrestres caíram em 23%, ou até 39% se o anel viário de Paris não for contabilizado. Em dez anos, o trânsito de veículos em Paris foi reduzido em 30% e o número de carros caiu de 600.000 para 500.000. A melhora na circulação de ônibus gerada por pistas exclusivas para ônibus e a instalação de um sistema aprimorado de bonde elétrico otimizou o desempenho do transporte público na capital.

Mas ainda é preciso fazer mais. O Plano Climático e Energético de Paris de 2012 tinha definido a meta de reduzir os níveis de gases do efeito-estufa na França em um quarto entre 2004 e 2020.

Fonte: Valor Econômico
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